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18/03/2022

Bem-vindo a Canudos

A cidade, hoje, é um dos ícones do turismo histórico-cultural brasileiro, com atrações naturais, como parques, trilhas ecológicas, mirantes, museus e memoriais. 

A região Nordeste foi palco de um dos momentos mais marcantes da história do Brasil e foi mais precisamente na cidade de Canudos onde aconteceu o movimento de resistência à opressão das tropas republicanas, liderado por Antônio Conselheiro. A “Guerra de Canudos” foi um dos episódios mais marcantes do país, no qual mais de 25 mil pessoas perderam suas vidas durante os conflitos, deixando marcas difíceis de serem apagadas. 

Quase 125 anos após o fim do conflito, a cidade, hoje, é um dos ícones do turismo histórico-cultural brasileiro, com atrações naturais, como parques, trilhas ecológicas, mirantes, museus e memoriais. 

Localizada no interior da Bahia, Canudos reúne paisagens inóspitas com paredões e cânions, além de uma vegetação bem característica e seus cactos de todos os tipos e formas. Lá, se concentra o bioma mais diverso do mundo e totalmente brasileiro, a Caatinga. Muitos dizem que a resistência da vegetação se confunde com a do povo daquela região, já que a população consegue criar meios para conviver com o clima árido em harmonia com a belíssima fauna e a flora local.

O que fazer em Canudos

O Parque Estadual de Canudos é o local ideal para os apaixonados por história, e para quem deseja conhecer de perto os impactos da Guerra de Canudos. Trata-se de um museu a céu aberto capaz de abrigar sítios históricos, arqueológicos e antropológicos, além de uma paisagem de tirar o fôlego. Além disso, os visitantes têm a chance de conhecer o memorial e o Cruzeiro em homenagem a Antônio Conselheiro, líder do movimento religioso que esteve à frente da resistência na Guerra de Canudos, e ainda ter acesso a registros da época, como imagens e objetos achados por pesquisadores, como munições e até mesmo fragmentos de granadas utilizadas no conflito. 

A alguns poucos quilômetros do centro de Canudos existe um mirante de onde é possível ter uma bela vista da região, com a cidade de um lado e a represa do outro. É lá que, mais uma vez, é possível perceber a forte presença de Antônio Conselheiro graças a uma estátua de grandes proporções do líder religioso, que parece abençoar o lugar.

Canudos também é uma opção para o turismo ecológico, sendo um dos destinos mais procurados para quem gosta de observar os pássaros em seus habitats. No município, é possível encontrar a única população remanescente de arara-azul-de-lear no mundo. É na Ecorregião do Raso da Catarina onde ficam os dormitórios da espécie, considerada um dos símbolos da biodiversidade do sertão.

Jeremoabo e Euclides da Cunha

A história do interior da Bahia é rica, abrangente e vai além de Canudos. A cidade de Jeremoabo é um exemplo, já que foi fundada originalmente por Tupinambás dos grupos Muongorus e Cariacás. A região passou por diversos conflitos desde a sua formação, quando o administrador colonial português, Garcia d’Ávila, capturou os indígenas e fundou currais para a criação de gado bovino. A povoação original foi incendiada por D’Ávila, sendo reconstituída depois por intervenção do Papa e do governo colonial. Já em julho de 1925, Jeremoabo ganha, enfim, a condição de cidade que hoje tem uma população estimada em mais de 40 mil habitantes. 

Assim como Jeremoabo, a cidade de Euclides da Cunha também foi fundada por indígenas, os Caimbés, da tribo dos Tupiniquins, e foi desbravada por colonos vindos de regiões circunvizinhas, sobretudo de Monte Santo e Tucano, que se fixaram com suas famílias e se dedicaram à lavoura e à criação de gado, que até hoje são bases da economia local.

Em 19 de setembro de 1933, o território foi emancipado, elevado à categoria de município, constituído de dois distritos: Cumbe (a sede) e Canudos. Por iniciativa do escritor José Aras, como homenagem ao escritor de Os Sertões, passou a ser chamada de Euclides da Cunha, o que só foi oficializado no ano de 1938.

Atualmente, a cidade possui uma expressiva atividade cultural, com artesanato, grupos juninos e companhias teatrais. Além disso, é possível conhecer o belo trabalho de artesãs e artesãos que trabalham com barro, piaçava e outros materiais encontrados na própria região.